quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

TERNOS DE REIS E BAILES PASTORIS

     Foto: Apresentação do Terno das Rosas, organizado pela professora Terezinha Carvalho, 1982.

TERNOS DE REIS E BAILES PASTORIS

Os ternos de reis estiveram muito em voga e resistiram até as primeiras décadas do século passado quando, praticamente, desapareceram. Era uma bela e romântica tradição que o tempo se incumbiu de extinguir.
Em Queimadas essa interessante diversão, de conotação religiosa, era cultivada e, às vezes, com exaarcerbado fervor.
Dentre os ternos de reis que se organizaram em Queimadas, destacaram o Cruz Vermelha e o Jardineira. Ambos existiram ao mesmo tempo e eram rivais. A política local estava latente entre eles. O Cruz Vermelha era liderado por Djanira Lantyer, vale dizer pela própria família Lantyer, dele fazendo parte todas as famílias amigas e politimante afins. O terno das Jardineiras era liderado, praticamente, pela família de Amphilóphio Teixeira, tendo à frente sua esposa D. Santinha (Austrialina Teixeira). Em consequência assumia a vanguarda do terno a família do Major Prpércio Alves, através das então senhoritas, Mariêta, Vivaldina e Franciana. Desse lado ficavam todos os que eram simpáticos à politica chefiada pelo Cel. Emydio Gonçalves Côrtes.
A rivalidade entre os ternos era tamanha que os ensaios eram feitos fora da cidade, em locais escondidos e guardados por vigias permanentes. A animação era explosiva toda vez que saíam à rua. E os bailes quie davam rompiam a madrugada e eram difíceis de acabar, pois nenhum dos dois ternos se conformava em terminar primeiro a sua festa.
De um deles fazemos um breve registro. Foi o baile dado em homenagem aos engenheiros e funcionários que estavam construindo a estrada de rodagem Queimadas-Monte Santo-Cumbe lá pelos idos de 1921, e que teriam que se deslocar para muitos quilômetros adiante, a fim de acompanharem o avanço da construção. Na oportunidade, eles se despediram do Cruz Vermelha, cantando uma delicada canção, da qual recordamos dos seguintes versos:

Nós somos bons amiguinhos
das gentes fadas,
cá de Queimadas,
em seus joviais carinhos
tudeo centelha
no Cruz Vermelha...

Vamos seguir
vamos partir,
levando saudades
quase a chorar...

A música era da canção do soldado paulista, muito em voga naquele tempo.

Phalenas Douradas
- Foi outro terno que marcou época pela sua boa organização. Quando saía à rua com seus estandartes, com suas roupas apropriadas fingindo falenas com asas e tudo, com sua lentejoulas e lanternas, era um verdadeiro sucesso. O seu caminho era iluminado por fogos de artifício. As casas em cujas portas iam bater, recebiam o terno com muito afeto, com bebidas em profusão, doces e danças que se prolongavam até a madrugada.

As Geishas
- Foi outro terno de reis que deixou saudades. Organizado por senhoras da sociedade local, a cuja frente se encontrava Milita Marques, esposa do Cel. Elias Marques da Silva, tomou como tema uma fantasia japonesa. Havia, portanto, o colorido e a graça do Japão em plena área da caatinga. E mais ainda: as canções eram uma mistura de português com algumas palavras enroladas para dar a idéia de serem nipônicas. De qualquer forma aalegrava. E isto era o q ue importava...

Terno das Rosas - O último terno de reis de Queimadas, organizado pela professora Terezinha Carvalho, desfilou pelas ruas de Queimadas, em 1982, revivendo as mesmas caracteristicas das tradiçoes passadas.

Os Bailes Pastoris - Muitos foram formaados para celebrar o Natal. Era belo vê-los desfilar. Trajes típicos de camponesa, cabeças enfeitadas, pandeiros com longos laços de fita, lanternas coloridas, lá iam elas " as pastorinhasque vinham de Belém", como diziam em seus cantos ensaiados. Lá iam visitar as lapinhas que naquele tempo se usava armar em muitas casas. Chegavam e eram recebidas com manifestações ruidosas de alegria. E adiante do presépio cantavam e bailavam para um Deus menino que estava deitadinho em sua manjedoura, vigiado por José e Maria, arrodeados de animais e pastores em adoração. Em algum ângulo, viam-se figuras de Reis Magos, seguindo a estrela guia que no alto da lapinha não se esqueciam de colocar.

Fonte: ( Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag.210;211/212 )

Infelizmente, essa como outras tradições culturais estão desaparecendo, porém algumas comunidades ainda apresentam os ternos de reis a exemplo das comunidades dos bairros do Alda Martins e Alto da Jacobina e dos distritos de Espanta Gado e Riacho da Onça.

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