SÃO MARÇAL
Outra festa que tinha um
santo como patrono, era a de São Marçal, em 30 de junho. Era uma
comemoração liderada pelos jovens e, pelo seu caráter, tendia mais para
ser profana do que religiosa.
A primeira festa de São Marçal se
realizou em 1936, por iniciativa de Zulmira Lantyer, tendo o primeiro
baile acontecido na casa do Sr. Pedro Gonçalves Primo. Tinha
características juninas e como tal era caracterizada. Consistia no
seguinte: moças, rapazes se apresentavam trajados à moda caipira. Moças
com vestidos de chita e os rapazes com camisa de matuto, lenço no
pescoço do mesmo padrão do traje feminino e chapéu de palha. À entrada
da festa, os rapazes deixavam os seus lenços numa sacola e se
enfileiravam de um lado, enquanto as moças se enfileiravam no lado
oposto. As moças tiravam o lenço da sacola, cujo dono se comprometia a
com ela dançar a primeira música que fosse executada e, com isso
criava-se uma oportunidade de início de romance que, às vezes,
acontecia.
A fogueira tirada no mato pelas próprias moças, era toda
enfeitada com papéis coloridos, nos seus galhos, de onde pendiam
laranjas, penduravam-se caixas de segredo, contendo: numa, uma aliança,
noutra, um terço, em outra mais, a representação de uma barrica, nas
demais, versos prenunciando a sorte e o futuro de quem a tirasse. Ao
redor da fogueira, fazia-se uma roda, só de moças, e quando esta caía
elas se lançavam para pegar os brindes, à caça da aliança ou, como
consolo, dos bilhetes com bons presságios.
Eis os versos introdutórios da festa:
"Ai, ai, ai, São Marçal Milagroso
Não deixe o verão passar
Dai-me um noivo, São Marçal
Dai-me um noivo, São Marçal
dai-me um noivo para me casar"
O texto acima foi escrito no tempo presente, pois, no início da década
de 80, quando Nonato Marques o escreveu, ainda existia na cidade a
tradicional festa de São Marçal. Como esta não existe mais, este foi
transcrito aqui no pretérito, fazendo alusão à tradição que se acabou, e
deixou saudades
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