Foto: Ruínas da Igreja da Villa de Queimadas destruída pela enchente de 1911.
A ENCHENTE GRANDE 1910-1911
A vila foi
quase destruída totalmente depois que sofreu duas grandes enchentes
consecutivas: a de dezembro de 1910, quando o rio Itapicuru reduziu a
pouco mais de 300 as 450 casas então existentes ; e a de 1911, mais
precisamente chamada de enchente grande porque levou o resto, sobrando
apenas, 10 casas no perímetro da estação e cerca de 40 espalhadas pela
rua da Bomba e pelos altos da Boa Vista e da Jacobina. A ponte de
alvenaria que ligava a antiga praça do Comércio á rua da Bomba,
construída da administração do intendente Wanwerley Simões de Oliveira
(1904/1907) pleos mestres-de-obra de nacionalidade espanhola Manoel e
Angelo Crespo, foi uma verdadeira salvação para o povo que fugia das
águas revoltas. Graças a essa ponte muitas pessoas conseguiram salvar
alguns bens e pertences. Quando as águas baixaram, no sítio principal,
onde se erguia a vila só restavam escombros. Por entre ruínas apenas
permanecia de pé a mais importante casa residencial da vila, o chalet da
família Lantyer.ç Assim, a inundação de 1911 acabou de arrasar as casas
que sobraram da enchente anterior, desaparecendo em ambas 450 casas,
que abrigavam uma população então calculada em 2500 almas. Foram
destruídas 23 casas de negócios, uma farmácia, uma saboaria e uma
padaria. Desapareceu levada pelo rio Itapicuru a Vila Bela de Santo
Antônio das Queimadas.
A população flagelada havia se homiziado nos
povoados vizinhos, nas fazendas, em barracas feitas ás pressas. em
classes de estrada de ferro, em casas de amigos e parentes. a sede do
termo foi transferida provisoriamente para o arraila de Itiuba, de
acordo com decreto expedido em 6 de março de 1911. em Itiuba, portanto,
passaram a funcionar por algum tempo os serviços públicos existentes.
Lourenço Pereira da Silva, em seu livro intitulado: " Memória Histórica
e Geographica sobre a Comarca de Bobfim", descreveu do seguinte modo as
enchentes sucessivas que destruíram Queimadas:
" Esse ano de
1910 terminou com doze dias de aguaceiros tão fortes que os rios se
tornaram insuficientes para o escoamento das águas, dando-se verdadeiras
inundações, das quaes causou enormes prejuízos a produzida pelo
transbordamento do Itapicuru-assú, que abrangeo a parte mais baixa da
Villa de Queimadas, destruíndo completamente 113 casas.
Até o dia 26
de de Dezembro a enchente desse rio nada oferecia de anormal; no dia
27, as águas subiram em proporções assustadoras e já a 28 entravam nas
ruas, inundando grande parte da Villa na manhã de 29.
Na parte da estrada-de-ferro as águas subiram 8m50 do leito do rio, ficando 1m50 abaixo do lastro da ponte.
Em noite do mesmo dia 29, de 10 para 11 horas, começou o rio a baixar, tendo occasionado incalculáveis prejuízos.
Além das 113 casas destruídas muitas outras foram danificadas.
Dois homens do povo, os canoeiros Luiz Gonzaga e Durval Lopes
portaram-se, em tão triste emergência, como verdadeiros heroes,
revelando verdadeiros sentimentos de philantropia.
Esses destemidos
sertanejos, lutaram valentemente contra a impetuosidade das águas , e
com risco da própria vida fizeram a remoção, atravessando o rio, de
centenas de pessoas e bagagens recusando depois qualquer remuneração.
Desenvolveu, por sua vez, grande atividade e prestou reaes serviços o
coronel Benevides Moreira de Andrade, Intendente do Município.
Algumas famílias desalojadas improvisaram barracas arranjadas com
couros, onde se abrigaram; outras recorreram às pessoas amigas, que as
acolheram.
Sessenta dias depois, desta grande enchente novos
aguaceiros vieram a inundar novamente a mesma Villa, inundação esta mais
pavorosa e consequentemente mais prejudicialo que a anterior.
As
águas subiram metro e meio mais da altura atingida na enchente de
dezembro, ocupando agora toda a Villa, com excepção apenas das poucas
casas, cerca de 50 que ficam situadas nos altos.
Em menos de 24
horas foi destruída quase completamente a Villa. de cuja população parte
socorreu-se dos lugares vizinhos e parte abrigou-se em habitações
provisórias edificadas em pontos não atingidos pelas águas".
Fonte: (Nonato Marques. Santo antônio das Queimadas. pag. 129/130)
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