terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A ENCHENTE GRANDE DE 1910-1911

             Foto: Ruínas da Igreja da Villa de Queimadas destruída pela enchente de 1911.

A ENCHENTE GRANDE 1910-1911

A vila foi quase destruída totalmente depois que sofreu duas grandes enchentes consecutivas: a de dezembro de 1910, quando o rio Itapicuru reduziu a pouco mais de 300 as 450 casas então existentes ; e a de 1911, mais precisamente chamada de enchente grande porque levou o resto, sobrando apenas, 10 casas no perímetro da estação e cerca de 40 espalhadas pela rua da Bomba e pelos altos da Boa Vista e da Jacobina. A ponte de alvenaria que ligava a antiga praça do Comércio á rua da Bomba, construída da administração do intendente Wanwerley Simões de Oliveira (1904/1907) pleos mestres-de-obra de nacionalidade espanhola Manoel e Angelo Crespo, foi uma verdadeira salvação para o povo que fugia das águas revoltas. Graças a essa ponte muitas pessoas conseguiram salvar alguns bens e pertences. Quando as águas baixaram, no sítio principal, onde se erguia a vila só restavam escombros. Por entre ruínas apenas permanecia de pé a mais importante casa residencial da vila, o chalet da família Lantyer.ç Assim, a inundação de 1911 acabou de arrasar as casas que sobraram da enchente anterior, desaparecendo em ambas 450 casas, que abrigavam uma população então calculada em 2500 almas. Foram destruídas 23 casas de negócios, uma farmácia, uma saboaria e uma padaria. Desapareceu levada pelo rio Itapicuru a Vila Bela de Santo Antônio das Queimadas.
A população flagelada havia se homiziado nos povoados vizinhos, nas fazendas, em barracas feitas ás pressas. em classes de estrada de ferro, em casas de amigos e parentes. a sede do termo foi transferida provisoriamente para o arraila de Itiuba, de acordo com decreto expedido em 6 de março de 1911. em Itiuba, portanto, passaram a funcionar por algum tempo os serviços públicos existentes.
Lourenço Pereira da Silva, em seu livro intitulado: " Memória Histórica e Geographica sobre a Comarca de Bobfim", descreveu do seguinte modo as enchentes sucessivas que destruíram Queimadas:

" Esse ano de 1910 terminou com doze dias de aguaceiros tão fortes que os rios se tornaram insuficientes para o escoamento das águas, dando-se verdadeiras inundações, das quaes causou enormes prejuízos a produzida pelo transbordamento do Itapicuru-assú, que abrangeo a parte mais baixa da Villa de Queimadas, destruíndo completamente 113 casas.
Até o dia 26 de de Dezembro a enchente desse rio nada oferecia de anormal; no dia 27, as águas subiram em proporções assustadoras e já a 28 entravam nas ruas, inundando grande parte da Villa na manhã de 29.
Na parte da estrada-de-ferro as águas subiram 8m50 do leito do rio, ficando 1m50 abaixo do lastro da ponte.
Em noite do mesmo dia 29, de 10 para 11 horas, começou o rio a baixar, tendo occasionado incalculáveis prejuízos.
Além das 113 casas destruídas muitas outras foram danificadas.
Dois homens do povo, os canoeiros Luiz Gonzaga e Durval Lopes portaram-se, em tão triste emergência, como verdadeiros heroes, revelando verdadeiros sentimentos de philantropia.
Esses destemidos sertanejos, lutaram valentemente contra a impetuosidade das águas , e com risco da própria vida fizeram a remoção, atravessando o rio, de centenas de pessoas e bagagens recusando depois qualquer remuneração.
Desenvolveu, por sua vez, grande atividade e prestou reaes serviços o coronel Benevides Moreira de Andrade, Intendente do Município.
Algumas famílias desalojadas improvisaram barracas arranjadas com couros, onde se abrigaram; outras recorreram às pessoas amigas, que as acolheram.
Sessenta dias depois, desta grande enchente novos aguaceiros vieram a inundar novamente a mesma Villa, inundação esta mais pavorosa e consequentemente mais prejudicialo que a anterior.
As águas subiram metro e meio mais da altura atingida na enchente de dezembro, ocupando agora toda a Villa, com excepção apenas das poucas casas, cerca de 50 que ficam situadas nos altos.
Em menos de 24 horas foi destruída quase completamente a Villa. de cuja população parte socorreu-se dos lugares vizinhos e parte abrigou-se em habitações provisórias edificadas em pontos não atingidos pelas águas".

Fonte: (Nonato Marques. Santo antônio das Queimadas. pag. 129/130)


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